Carrossel Sombrio e Outras
Histórias é uma coletânea de contos que vinham sendo escritos pelo autor há
anos, desde o início dos anos 2000. Dois deles foram em parceria com seu pai, conhecido como mestre do terror Stephen King. Foi lançado primeiro para o clube de assinatura TAG Inéditos, e posteriormente pela editora HarperCollins Brasil. Este livro foi minha primeira
experiência com Joe Hill, e, por maiores as tentativas de desvinculá-lo do
nome, foi impossível não deixar que o peso de sua família para o mundo
literário criasse expectativas.
O primeiro conto já não me
empolgou muito, então encarei o restante do livro com mais cautela. Eu me
envolvi, de fato, com cerca de metade das histórias, então é delas que vou
falar.
“Fauno” foi uma grande surpresa.
Passei boa parte do conto detestando todos os personagens por tratarem a
crueldade animal de forma tão banal, mas esse era justamente o objetivo da
narrativa. Quando as portas para um mundo fantástico, com criaturas nunca
vistas e troféus dos mais variados, são abertas com a promessa de uma
experiência inigualável a nenhuma outra, cada pessoa revela sua índole e o que
há de pior no ser humano. Uma virada nos acontecimentos torna a história ainda
mais interessante. Achei bem criativo.
“Devoluções Atrasadas”... “Eu
odeio a ideia de morrer na metade de um livro”. Esse foi meu conto favorito.
Ele envolve pessoas apaixonadas por livros, bibliotecas móveis e viagens no
tempo. Há muitas questões envolvidas, como: onde devemos buscar soluções para o
que nos aflige; até que ponto é possível interferir sem que a linha do tempo se
altere? As relações que o bibliotecário constrói são intrigantes, e o final me
deixou boquiaberta (eu literalmente fechei o livro e encarei o vazio por uns
bons minutos).
“Tudo Que Me Importa É Você”: o
futuro é estranho, o robô é simpático, e o final me chocou demasiadamente. Este
conto veio em seguida do “Devoluções Atrasadas”, e eu não estava
psicologicamente preparada para outro final bombástico.
“Twittando No Circo Dos Mortos”:
sim, o que o título sugere é exatamente o que acontece. A história é contada em
formato de tweets. Fiquei irritada por
uns dois minutos, mas então me acostumei e achei interessante. Foi diferente e
direto ao ponto. Quis chacoalhar aquela adolescente que ficava tão vidrada no
celular que não percebia o que estava acontecendo na porcaria do circo. O
resultado era óbvio, mas foi divertido.
“Campo do Medo” tem as cenas mais
pesadas do livro, que exigem um estômago forte. Minha mente, no geral, nunca
foi tão boa para visualizar o que eu leio, mas para minha alegria (isso contém
ironia) fui capaz de ver claramente cada cena que se passava naquele matagal
dos infernos. Eu teria gostado mais do conto, não fosse o momento antes do final,
sem pé nem cabeça. Esse foi um dos
contos com participação do Stephen King, e fico imaginando essa dupla de pai e
filho conversando sobre as cenas mais sádicas como um papo qualquer em família.
De forma geral, curti a leitura.
Quase não tenho experiência com terror e suspense, mas pretendo investir mais
nesses gêneros, acho que tem potencial para me agradar. Dei 4/5 estrelas.
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