Ler o último livro de uma série
pela qual a gente cria tanto carinho faz com que toda a leitura seja movida por
uma sensação agridoce de despedida. E, provavelmente pelo meu apego, gostei
tanto deste livro, mas, pensando direito, ele deve ter sido um pouco inferior
aos anteriores.
Indomada se passa duas décadas
depois dos eventos dos últimos volumes. As filhas de Sofia e Ian, Marina e Ana
Laura, são jovens adultas e, nesse sentido, estão descobrindo seu lugar no
mundo, em sociedade (uma sociedade patriarcal e extremamente machista da metade
do século XIX, é bom lembrar), explorando – ou evitando – seus sentimentos, e
por aí vai.
O livro já começa nos informando
que Sofia e Ian estão passando pelo maior desentendimento de sua vida conjugal,
algo que parece irremediável do ponto de vista dela, e temos algumas dicas do
que Ian fez e que é descrito como algo gravíssimo. Analu (apelido de Ana Laura)
está desaparecida, e Ian é acusado de ter enganado Sofia durante todo o tempo
em que estiveram juntos.
A história então é alternada em
pontos de vista da Sofia, da Analu e Marina, e os capítulos se iniciam com
trechos de carta da mãe das meninas para sua amiga do século XXI, Nina, antes
de a narrativa voltar para relatar tudo o que levou àquele ponto crítico que
nos é apresentado no início.
A maioria dos personagens do
livro são um ponto muito positivo dessa história. Marina e Analu são diferentes entre si em diversos aspectos, mas ambas são convictas em suas crenças e valores e se
desenvolvem em figuras fortíssimas no decorrer da história. Ana Laura é, sem
dúvida, a melhor das protagonistas, mesmo nos momentos em que não fazia ideia
de como agir.
Samuel foi um personagem profundo,
de causar tensão cada vez em que aparecia, e foi possível ver várias de suas
faces no decorrer do livro, sobretudo ao ter vislumbres de quando era criança,
no livro de Elisa. Alexander foi uma ótima surpresa. Ele foi muito melhor
aproveitado nesse livro, sua história foi aprofundada e sua química com Analu
foi uma das melhores que vi na série. Sua atitude zombeteira e cínica o tornou
muito charmoso, e o que havia por trás disso me fez criar um carinho
muito especial pelo personagem.
Agora, os probleminhas. As
dificuldades com diálogo, como sempre, atrapalhando a vida de todo mundo. Se o
pessoal se conversasse direito, metade dos problemas não existiria. Isso foi
uma constante em todos os livros, então não me surpreendi. Só era de encher um
pouco a paciência, ao ponto de querer entrar na história, pegar a pessoa pela
mão e falar: “Senta e conversa, por**!”.
E Sofia. Ah, Sofia. Eu gostava
mais dela quando era mais jovem. Simplesmente porque não vi qualquer
desenvolvimento pessoal ou emocional na personagem. Com seus quarenta e tantos
anos, tem a mesma mentalidade e o mesmo comportamento de quando tinha vinte e
poucos. Fiquei meio confusa ao ler seu ponto de vista pela primeira vez,
esperando por uma pessoa um pouco diferente, e não a encontrei. Ian foi bem
melhor representado, mas talvez porque ele sempre foi um personagem mais maduro
e sensato.
Enfim, apesar dessas questões que
me incomodaram, achei os arcos bons o suficiente para tornarem a história
maravilhosa, uma ótima despedida. Emocionei-me várias vezes, apaixonei-me junto
com as protagonistas, fiquei feliz e ao mesmo tempo melancólica com o final.
Para esse, dei 4,5/5 estrelas.
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