Mais uma leitura para a
faculdade, um livro que, de outra forma, eu dificilmente pegaria por conta
própria. Clássicos intimidam, principalmente a quem não tem o costume de
lê-los. Mas fico feliz de ter tido a oportunidade com Odisseia. Antes desse,
tentei Ilíada. Li umas 100 páginas, mas entendi pouca coisa. Odisseia foi mais “tranquilo”,
provavelmente merece algumas releituras para assimilar direito, mas ao menos eu
consegui compreender.
A história se passa anos depois
da Guerra de Troia. Ela inicia nos informando que Odisseu, um dos grandes heróis
que lutou pelos gregos (na época povos diversos chamados de aqueus, aquivos, acaios, dânaos, entre
outros nomes, mas não de gregos) na tomada de Troia, estava há quase vinte anos
sem conseguir voltar para casa. A própria guerra durara dez anos, então algo
durante seu regresso o impedira de chegar a Ítaca, seu lar, terra de cujo
povo Odisseu era o superior.
Em uma assembleia dos deuses,
Atena vota pela libertação de Odisseu, que se encontra refém da ninfa Calipso,
recluso em sua ilha. A ninfa, que mantinha o herói por desejar fazê-lo seu
marido, o liberta a contragosto, disponibilizando uma embarcação para que ele
siga viagem. A deusa Atena o tem como seu mortal favorito, e vai ajudá-lo
durante toda a sua aventura.
Então descobrimos como está a
situação em Ítaca, no palácio de Odisseu. O lar está infestado de pretendentes
cobiçando Penélope, a esposa sofredora que aguarda o retorno do marido há muito
ausente. Ela faz o que pode para adiar a inevitável escolha por um novo
consorte. E o filho do casal, o jovem Telêmaco, para provar seu valor, é
convencido por Atena a ir atrás de notícias sobre o pai. Ao chegar ao seu
destino, o filho de Odisseu ouve os relatos dos antigos amigos do pai sobre
suas batalhas, sua bravura e honra, e pela primeira vez na vida esse jovem tem
uma conexão com sua identidade, como verdadeiro filho de Odisseu. Torna-se uma
viagem de autodescoberta e amadurecimento para o personagem, para que ele possa
retornar e enfrentar os pretendentes de sua mãe, que tomaram sua casa.
Quando a narrativa retorna a
Odisseu, ele chega à terra dos Feácios, que os recebem muito bem. Então inicia
a parte dos relatos de Odisseu sobre as aventuras que enfrentou em sua
tentativa de regressar a Ítaca, desde que deixou Troia até ser libertado por
Calipso e navegar até os Feácios.
Esses relatos são o ponto alto do
livro, na minha opinião. Os perigos que Odisseu e seus companheiros de viagem
enfrentam no decorrer do percurso, várias situações causadas ou impactadas por
suas próprias ações. Captamos a inteligência singular de Odisseu – razão pela
qual ele tem a simpatia de Atena – mas também vemos como sua arrogância se
coloca em seu caminho. Vemos temas como trauma, tentações colocando em risco o
alcance de seus objetivos em troca de prazeres (que geralmente vêm com algum
custo). Honra, papel da mulher e sua lealdade para com o homem, são várias as
questões retratadas nessa obra atribuída a Homero.
Eu só fiquei um tanto desapontada
com o final. Literalmente com a última página da história. A forma como o
confronto em Ítaca se resolve me fez realmente franzir a testa e indagar: “É
isso?!”. Mas, fazer o quê. A leitura foi muito envolvente, muito mais do que
achei que seria. Dei 4,5/5 estrelas.
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